ATÉ CHEGAR AO MIOLO





Para chegar ao miolo, à parte boa e saborosa cravei os dedos no ouriço. À bruta. A sôfrega vontade de trilhar a carne impediu-me de pensar no toque ensanguentado do escudo cortante e das veias saíu o sinal da minha imprudência, acabando assim, por violentar o ouriço espinhento e o tubo azul que encerra a seiva vermelha no meu corpo.


O feitiço do sabor não passou, mas aprendida a lição, notei que até da seda o bicho rastejante há-de primeiro lavrar caminhos tortuosos e encasulados como a própria vida.