DO TOQUE DE QUEM DANÇA



Nada na terra se iguala ao toque do par que chora compassos a tempos moídos no relógio do homem. Não há terra, não há. Não há homem nem mulher. Há amantes que falam nas pautas de um doido que um dia olhou a Lua, furou-a no dedo e aprendeu a fazer poesia.

NAQUELE DIA



Não se esquecera daquele dia, aliás muitas das vezes a sensação que tinha é que o tempo houvera estacado naquele dia formando uma barreira entre o até aquele dia e o após. Devía ser porque naquele dia fora verdadeiramente feliz. Nunca soube explicar porquê. Só sabía que quando o coração se angustiava na solidão dos muitos anos passados ou pressentía que a vida se aproximava a passos curtos para ter a última conversa com ele pegava na fotografia e bastava-lhe amornar a mão naquela imagem infantil para tudo se aquietar. E regressava àquele instante de risos e companhia, de palmas e gritos agudos em que o bastante para se dar e receber estava ao alcance do toque. Vamos ser amigos para sempre!