PERTO E AUSENTE

 


Lembro-me do gesto. De quando estavas perto de mim e te encolhías na procura do encaixe do meu corpo, braços justos ao tronco no encosto do meu, vinhas e apertava-te ao calor junto, uma fusão instantânea como um cadinho dourado. Depois entrelaçava os meus braços nas tuas costas e no teu pescoço e assim ficávamos no silêncio sem que a respiração se escutasse, podíamos estar mortos, que só por dentro nos sabíamos correr na loucura de qualquer coisa que nem sequer sabíamos como pôr um nome.
Lembro-me do gesto. Mas não me lembro como deixaste de estar perto.