EM SEGREDO

 


Tomou-o nos braços. Sentiu-lhe a macieza da pelagem entre os dedos, pequenos montes de gordura pelas guloseimas fora de refeição, o agrado do quente junto ao seu peito, à barriga. Ajeitou-o mais a si e encostou o rosto ao focinho húmido, um ronronar devolvido tirou-lhe um sorriso silencioso, afagou-o na retribuição do momento de paz e entrega. Segredou-lhe amo-te no pêlo farto e sedoso e o gato anichou-se ao pescoço dela. Há muito tempo que ninguém a abraça, há tanto tempo que ninguém lhe respira sobre o peito, lhe responde quando profere palavras em segredo.