CENAS
O DIA DO FIM
O PIANISTA
MATA HARI
TEMPESTADES
PINOS
DESENHAR HISTÓRIAS
NAS TUAS MÃOS EU SOU
É aqui que me confio, que me deixo ir de olhos fechados sem temores, sem dúvidas, sem arrependimentos, sem a noção do justo ou incerto ou a amargura da vingança. É agora que me entrego e deixo ir, o rumo será o que surgir, improviso sentires sobre emoções, liberto fardas, a condição de mulher é género puro nas tuas mãos. É hoje que me faço deusa, que reino sobre esferas desconhecidas porque de mim eu própria me descubro através do toque do teu coração. É a sorte que lanço à minha deriva num cosmos sem cartilha dedilhado pelo saber de cor das teias invisiveis que nos enlaçam.
ALHEIO
AO DENTRO DE MIM
MUNDOS PARALELOS
Ou sou um projecto, um esboço, um sonho, um desejo de ser para além desta casca que me cobre e se a uns enfeitiça a outros sacode pelo mármore toque com que me alcançam.
Não me sentem, não me sabem, por isso se eu quiser mesmo, mesmo, passo-me para lá, para o mundo dos sentidos em que uma única palavra toca o coração da maneira mais quente que existe: bastando ser.
VAZIAS
Mãos que repousam, que arrefecem, que se acomodam num regaço solitário, sózinhas de outras que não vos chegam, mãos paradas, mãos solteiras, mãos apertadas no sentir próprio de apenas serem mãos sem nada.
FORTE COMO A FLOR
Segura-me!
Agarra a minha mão e não me deixes tombar no esquecer, recorda-me em todos os toques que sonhaste me farías sentir, em cada palavra desejada no proferir de ser eu a escutar-te.
Segura-me!
Faz-me real no macio do morno aconchegado entre a palma presa nas linhas que desenhei para nos prender neste fio tão forte e invisivel como a flor de algodão.
TALVEZ DO TANGO
Talvez o segredo esteja no amparo que me dá o teu antebraço ao dobrar das costas, afastando-me do toque venenoso da tua boca.
Talvez seja do teu joelho roçando os meus, tentando abrir caminhos pelas minhas pernas que nas hiperboles arranjam distracção para escapar ao toque da aba do teu chapéu.
Talvez seja dos teus sapatos namorando as minhas piruetas que disparo espaços entre o teu peito e o meu decote.
Talvez não seja por nada disto e por tudo isto dancemos fingidos o Tango.