O DONO DO TEMPO


Os olhos afiados como uma lâmina, atento, pronto para o ataque, as mãos empunhando a vontade de decepar qualquer um na tentativa de lhe tirarem o que de seu fazía. Aprendera que do tempo só ele era dono e agora, no fim inadiável ainda dizía não, mostrava as mãos na recusa de ser levado, de ser tomado naquilo que toda a vida levara no custo a dosear, a saborear para perdurar. Não se entregaría tão facilmente, antes disso ainda cortaría dois ou três ou quantos fossem preciso para lhe escutar o grito rouco e preso. Quando sentiu que nada mais conseguía fazer ele próprio tomou para si o destino de se despedir e justiceiro cumpriu por suas mãos o acto último da sua vida.

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