A PIANISTA



Ela tocava e ninguém a ouvía. Dedilhava anos, estórias e enganos, saudade de casa, saudades de amores, choros vertidos a branco e negro nas teclas marcadas algumas a medo. Ela tocava e ninguém a ouvía. Das mãos tortas e doridas desvendava enredos, beijos escondidos, saborosos e secretos, saudades de saudades e juventude também, agora que é velha não interessa a ninguém. Ela parou e toda a gente se calou.

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