
CENAS

O DIA DO FIM

O PIANISTA

MATA HARI

TEMPESTADES

PINOS
DESENHAR HISTÓRIAS

NAS TUAS MÃOS EU SOU
É aqui que me confio, que me deixo ir de olhos fechados sem temores, sem dúvidas, sem arrependimentos, sem a noção do justo ou incerto ou a amargura da vingança. É agora que me entrego e deixo ir, o rumo será o que surgir, improviso sentires sobre emoções, liberto fardas, a condição de mulher é género puro nas tuas mãos. É hoje que me faço deusa, que reino sobre esferas desconhecidas porque de mim eu própria me descubro através do toque do teu coração. É a sorte que lanço à minha deriva num cosmos sem cartilha dedilhado pelo saber de cor das teias invisiveis que nos enlaçam.
ALHEIO
Envolvía-se nos poemas e deixava-se ir na condição de não haver freio que a retivesse. Por vezes a tristeza dos verbos comungava-lhe a experiência própria e surpreendía-se por ser tão igual ao poeta que não conhecía. Inquiría-se sobre o toque das palavras feitas à sua medida, à sua tristeza e cultivava essa melancolia que lhe assentava tão bem à tez, ao movimento perdido das mãos no cetim da pele que a cobría. Achava-se bonita nessa nostalgia, isolava-se de grandes rasgos de emoção e dormente preferiu desconhecer as dores de um grande amor. Ficou-se pelas páginas de outros e viveu os abraços de despedida no toque da pena do poeta.AO DENTRO DE MIM
Não sei se alguma vez lá chegarás. Ao topo, ao caroço, à espinha, à essência. Ao importante, digo eu. É que não basta saberes despir-me, encolheres a roupa que me cobre a pele e atingires esta. Claro que me arrepio quando as caricias se mostram desenhos coloridos no sensitivo da conversa e a palavra emudece perante o gigante do desejo... mas não basta, apenas aflora... por isso digo que se calhar nunca lá chegarás. Cá, quero dizer, ao dentro de mim. Ao toque de Midas. Ao relampago que me há-de estalar e acordar verdadeiramente pelo barulho do toque...MUNDOS PARALELOS

Ou sou um projecto, um esboço, um sonho, um desejo de ser para além desta casca que me cobre e se a uns enfeitiça a outros sacode pelo mármore toque com que me alcançam.
Não me sentem, não me sabem, por isso se eu quiser mesmo, mesmo, passo-me para lá, para o mundo dos sentidos em que uma única palavra toca o coração da maneira mais quente que existe: bastando ser.
VAZIAS

Mãos que repousam, que arrefecem, que se acomodam num regaço solitário, sózinhas de outras que não vos chegam, mãos paradas, mãos solteiras, mãos apertadas no sentir próprio de apenas serem mãos sem nada.
FORTE COMO A FLOR

Segura-me!
Agarra a minha mão e não me deixes tombar no esquecer, recorda-me em todos os toques que sonhaste me farías sentir, em cada palavra desejada no proferir de ser eu a escutar-te.
Segura-me!
Faz-me real no macio do morno aconchegado entre a palma presa nas linhas que desenhei para nos prender neste fio tão forte e invisivel como a flor de algodão.
TALVEZ DO TANGO

Talvez o segredo esteja no amparo que me dá o teu antebraço ao dobrar das costas, afastando-me do toque venenoso da tua boca.
Talvez seja do teu joelho roçando os meus, tentando abrir caminhos pelas minhas pernas que nas hiperboles arranjam distracção para escapar ao toque da aba do teu chapéu.
Talvez seja dos teus sapatos namorando as minhas piruetas que disparo espaços entre o teu peito e o meu decote.
Talvez não seja por nada disto e por tudo isto dancemos fingidos o Tango.
PEQUENOS SENTIRES

ESCOLHO

MÃOS AMARAR

DA SEDA








